Ameaça à democracia
Companheiros e companheiras, assistimos atualmente a uma grave crise institucional em nosso país. De um lado, os grupos que perderam a eleição tentam desestabilizar o governo eleito para promover o impeachment da presidente democraticamente eleita. Para isso, lutam em duas frentes: o julgamento das contas do governo pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e o uso de delações de empresários para tentar vincular as doações de campanha da chapa encabeçada por Dilma à corrupção na Petrobras. De qualquer uma das maneiras, trata-se puramente de um golpe, que deve ser repudiado por toda a sociedade, sobretudo pelos trabalhadores e movimentos sociais.
Já é amplamente divulgado nos jornais encontros de membros do Poder Judiciário e de políticos em que é tratado o modus operandi do golpe. O mais notável foi o convescote entre o mais antipetista dos ministros do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, o agressivo oposicionista deputado Paulinho da Força e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que para desviar o foco das denúncias que lhe envolvem, rompeu oficialmente com Dilma e trabalha abertamente pela queda do governo.
Cunha, aliás, é o personagem mais nefasto da legislatura que começou neste ano. Eleito com forte aporte de verbas empresariais e depois conduzido à presidência da Câmara com a ajuda da oposição, o deputado do PMDB do Rio de Janeiro trabalhou de maneira incansável para aprovar projetos ainda mais nefastos, como o da terceirização, a redução da maioridade penal e uma reforma política que dá ainda mais poder aos donos do dinheiro e cala a voz de partidos menores, como o PSOL, por exemplo. Acusado em uma delação da operação Lava Jato de ter recebido 5 milhões de dólares em propina se viu acuado e, aproveitando-se da baixa popularidade da presidente Dilma, apontou os canhões para o Palácio do Planalto na tentativa de se salvar. Veremos como vai se sair nessa aventura.
Fato é que a denúncia contra Cunha o desmoraliza e, politicamente, dá uma nova chance para o governo reequilibrar sua relação com o Congresso Nacional. Qual a autoridade moral que Eduardo Cunha tem para acusar a presidente da República de corrupção? Nenhuma.
Além da crise política, Dilma tem sua popularidade afetada pela desaceleração da economia. Neste ano, o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no país, deve cair cerca de 1,5%. Isso significa que a produção de bens e serviços está menor, o que reduz a expectativa de ganhos salariais e aumenta o desemprego.
No entanto, a crise não é tão grave como alardeado dia e noite nos jornais e na televisão. Passar por um momento de ajuste nunca é fácil e, por parte do movimento sindical cabe defender os direitos dos trabalhadores, sempre ameaçados em momentos como esse, e pressionar o governo para que o remédio não mate o paciente. Mais juros e mais arrocho só vão piorar a situação do trabalhador.
Os sindicatos e a Central Única do Trabalhador (CUT) seguem na luta por uma política econômica que não jogue nas costas do trabalhador o resultado da crise econômica e também estão atentos às conspirações contra a nossa democracia.
Por: José Floriano da Rocha